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terça-feira, 12 de junho de 2012

Dia dos namorados é dia de poesia!



Foto de Sendero Oscuro
Dentes
Os dentes, porque são dentes, 
iniciais. Na espuma, 
porque não são saliva 
estas ondas 
pouco mordentes; este 
sal que sobe quase 
doce; donde? 

Numa espécie 
de fogo: amor é fogo 
que arde sem se ver; 
porque não é 
de facto fogo este frio aceso; 
da saliva à lava 
passa pela espuma. 

Só os dentes. 
Duros, ácidos, concentram-se 
tacteando a pele, 
tatuando signos sempre 
moventes 
de fúria. Mordida 
a pele cintila; espelho 
dos dentes, do seu esmalte voraz; 
suavemente. 

Carlos de Oliveira, in 'Pastoral'


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